segunda-feira, 8 de junho de 2015

ATIVIDADES DO LIVRO DIDÁTICO SOBRE O REALISMO

Universidade Estadual de Montes Claros
Centro de Ciências Humanas
Departamento de Comunicação e Letras
Curso de Letras Português – 4º período
Exercício do Livro Didático – O REALISMO EM PORTUGUAL

1º EXERCÍCIO – PÁGINA 132

1-Sim. A figura apresenta um homem, uma mulher, uma criança de colo e uma criança maior, peças de uma composição familiar, pai, mãe e filhos.

2-As mãos e a expressão facial do homem representam tristeza, indignação e desânimo.

a)A expressão facial da mulher sugere angustia, tristeza, preocupação, sentimentos negativos.
b)Ela olha em direção ao casal com a criança de colo. Isso pode indicar que ela também é filha mais velha do casal.

3-Sim. As roupas e a expressão facial das personagens apresentam uma classe social baixa, inferior, que padece com a ausência de coisas que são necessárias para uma boa qualidade de vida.

4-Retrata a vida dos trabalhadores pobres que todos os dias precisam sair de casa em busca de algo melhor para suas famílias. Retrata a desigualdade social, a miséria, as condições precárias de sobrevivência.

5-O quarto é quadrado, com duas janelas, atravancado com três camas. Havia um armário, uma mesa e duas cadeiras de nogueira velha, cujo tom enfumaçado manchava duramente as paredes pintadas de amarelo-claro. E nada mais, a não ser uma roupa de uso diário pendurada em pregos, uma moringa no chão ao lado de um alguidar vermelho que servia de bacia. O quarto onde os mineiros estão mostra que eles vivem em condições precárias de sobrevivência.

6-Um trabalho cansativo, desgastante, que exige muito esforço físico e mental. Os operários das minas trabalhavam em condições precárias, sem segurança, sem condições de higiene apropriadas ao serviço e sem um descanso adequado após o expediente.

7-Ele compara o cheiro do lugar ao de gado. Isso mostra que o lugar não apresentava condições adequadas de higienização e as pessoas não gozavam de oportunidade para se cuidarem fisicamente, e por isso não tinham um bom cheiro.
8-Tanto o quadro como o texto apresenta uma realidade de miséria. Apresenta a situação dos trabalhadores das minas, que tinham suas vidas em precárias condições de sobrevivência.

2º EXERCÍCIO – PÁGINAS 137 E 138

1-Por meio da frase, entende-se que o comportamento de Antônio de Moraes é influenciado por uma questão genética, por ser filho de Pedro Ribeiro de Moraes, deve apresentar um comportamento semelhante ao do pai. Assim, isso vai ao encontro das características deterministas, onde a genética determina as ações humanas.

2-Além da hereditariedade, outro fator que influenciou o comportamento do padre foi o meio em que ele estava, um lugar onde ele não sofreria coação diante de suas atitudes imorais, era uma sociedade sem moral e sem educação, sem a figura de uma autoridade espiritual.

3-O seminário deu ao padre Antônio de Moraes uma grande cultura de espírito, mas sob um ponto de vista acanhado e restrito que lhe excitara o instinto da própria conservação, o interesse individual, pondo-lhe diante dos olhos, como supremo bem, a salvação da alma, e como meio único, o cuidado dessa mesma salvação. O autor critica esse tipo de educação, pois ela reprimia a natureza ardente e apaixonada do jovem seminarista.

a-“... devia cair na regra geral dos seus colegas de sacerdócio, sob a influência enervante e corruptora do isolamento, e entregara-se ao vício e à depravação, perdendo o senso moral e rebaixando-se ao nível dos indivíduos que fora chamado a dirigir”.

b-O texto critica a igreja no sentido de frear as vontades humanas, reprimir os sentimentos que levam o ser humano a ter momentos de prazer.

4-Sim. O romance mostra que o ser humano é dotado de características provenientes da hereditariedade e leis próprias da natureza. No caso do texto em questão, Antônio de Moraes, mesmo sendo padre, também é um homem, ser humano, e por isso é normal que ele tenha desejos carnais e que os coloque em prática.

5- a)O amor de Margarida e Eugênio surgiu ainda no período em que os dois eram crianças, era um sentimento verdadeiro e bonito que poderia ter sido alimentado e concretizado na fase adulta se os pais não os tivessem separado. Antônio e Clarinha viviam simplesmente um desejo carnal, uma paixão avassaladora, foi algo de momento, atração física.

b-Na obra “O Seminarista” o assunto de uma maneira mais clara e objetiva. Em “O Missionário”, a temática é bem desenvolvida, no entanto há o uso de termos mais poéticos e uma linguagem mais rebuscada.

3º EXERCÍCIO – PÁGINA 143

1-Luísa, ao se levantar para abrir os vidros da janela, quis provocar o primo Basílio. E o calor sentido por ela, não era um calor comum, mas significa o desejo, a paixão, a vontade carnal.

2-Sobre o desejo que ambos sentiam um pelo outro, a paixão de anos atrás e a vontade de ter momentos de amor.

3-Basílio sai ganhando na comparação de Luísa, pois ele possibilitaria a ela muitas viagens, conhecer vários lugares almejados por ela. Já Jorge, com sua vida modesta e caseira, sendo pobre não iria proporcionar a ela tais momentos de prazer e aventura.

4-Luísa é uma mulher sensível, pois a visita do primo a deixa extremamente afetada e mexe com sentimentos que estavam adormecidos.

5-Com a entrada de Juliana na cena, Luísa passa a ter um perigo por perto, pois a empregada irá descobrir o envolvimento da patroa com o primo Basílio.

6-O leitor entende que a empregada vivia sob condições precárias, não gozava de conforto e não era bem tratada pelos patrões. Isso era motivo o suficiente para ela se vingar da patroa.

4º EXERCÍCIO – PÁGINAS 144 E 145

1-O amor por Amélia desperta em Amaro um desejo nunca sentido antes, vontades carnais, também gerou muita impaciência no jovem padre, trouxe orgulho e despertou muitos perigosos desejos.

2-“Por que o tinham feito padre? Fora “a velha pega” da marquesa de Alegros!”... “Tinham-no impelido para o sacerdócio como um boi para o curral.”

  • “Então, passeando excitado pelo quarto, levava as suas acusações mais longe, contra o Celibato e a Igreja: por que proibia ela aos seus sacerdotes, homens vivendo entre homens, a satisfação mais natural, que até têm os animais? Quem imagina que desde que um velho bispo diz – serás casto – a um homem novo e forte, o seu sangue vai subitamente esfriar-se?”


3-Sim. Ambos acreditam que o amor deve ser vivido independentemente de votos religiosos, esses não deveriam reprimir os desejos humanos, pois são naturais e devem ser vividos com liberdade e naturalidade, faz parte do homem.

5º EXERCÍCIO – PÁGINA 146

1-a-No trecho em questão podemos comparar a figura de um padre simples, puro, sensato, que realmente tem vocação religiosa com a figura de um padre depravado, que muitas vezes nem tem o chamado para ser sacerdote e por um motivo ou vai viver o celibato. O padre Fernão é um padre consciente de seu dever religioso e cumpre sua missão de orientar os fiéis da melhor maneira possível.

b-Sim. Pois ele também mostra que nem todos os religiosos são iguais.

2-O mais comum é o padre humano, que por mais que viva uma vida religiosa tem seus prazeres carnais, os desejos sexuais, pois isso é normal, faz parte do ser humano.

6º EXERCÍCIO – PÁGINA 148

1-Por meio dos questionamentos repetitivos o autor enfatiza sua crítica aos “progressos do novo século” e é extramente irônico ao descrever os objetos que existem na sala de Jacinto e a utilidade que eles apresentam.

2-Ele critica toda a classe burguesa de sua época, o apego aos bens materiais em detrimento da felicidade.

3-Sim. Pois todos os dias nos deparamos com pessoas que tem poder, dinheiro, fama, muitos bens materiais, posses e cargos e não são felizes, não são realizadas, não se sentem completas e vivem uma vida de aparências.

7º EXERCÍCIO – PÁGINA 150

1-A noite, o amor idealizado, o silêncio e a lua.

2-O eu lírico contrapõe a lua ao meio dia e à tarde rumorosa.

3-Enquanto no Romantismo a noite era vista como momento oportuno para pensar e viver a dimensão do amor, no Realismo a luz é valorizada no sentido de esclarecimento da vida social, daquilo que é realidade e verdade.

8º EXERCÍCIO – PÁGINA 151
1-No seu interior, Ema estava insatisfeita com a vida que levava ao lado de seu marido, mas para manter as aparências cumpria com as obrigações de uma boa esposa, mesmo estando cansada do casamento e não gostando mais do marido, continuava cumprindo com seu dever de mulher casada.

2-Ela era uma mulher esperançosa, que acreditava que as coisas poderiam mudar, neste caso o seu casamento e o comportamento patético do seu marido, ela acreditava em uma luz no fim do túnel.

3-Temos um narrador onisciente. Ele é muito importante para a construção do Romance, pois conhece os sentimentos e o psicológico dos personagens, isso ajuda na compreensão das atitudes de cada um.

4-Sim. As duas estão insatisfeitas com o casamento e almejam algo melhor.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Poema Barca Bela

BARCA BELA
Pescador da barca bela,
Onde vais pescar com ela.
Que é tão bela,
Oh pescador?

Não vês que a última estrela
No céu nublado se vela?
Colhe a vela,
Oh pescador!

Deita o lanço com cautela,
Que a sereia canta bela...
Mas cautela,
Oh pescador!

Não se enrede a rede nela,
Que perdido é remo e vela,
Só de vê-la,
Oh pescador.

Pescador da barca bela,
Inda é tempo, foge dela
Foge dela
Oh pescador!


© Almeida Garrett
In Folhas Caídas, 1853

quinta-feira, 28 de maio de 2015

FILME OS MISERÁVEIS


FILME "OS MISERÁVEIS"

Os Miseráveis” (Les Misérables), adaptação da grande obra do escritor francês Victor Hugo (1802-1885) passou despercebida pra muita gente ou, pelo menos, foi esquecida na estante de muitos colecionadores de DVDs. Depois de viver 19 anos preso e trabalhando arduamente em pedreira por roubar um pão, Jean Valjean (Liam Neeson) procura uma casa para alimentar-se e se proteger do frio. Dez anos depois, já reintegrado, Valjean é dono de uma fábrica e prefeito da uma cidade. Sua vida pacata é colocada à prova quando o inspetor Javert (Geoffrey Rush), seu algoz dos tempos de pedreiras, é encaminhado para o mesmo distrito em que vive Valjean. Certo de que o prefeito daquele lugar é o mesmo prisioneiro que ele tanto açoitara, Javert fará de tudo para que o bom homem seja desmascarado. Em meio a isso, Valjean ajudará Fantine (Uma Thurman), uma ex-funcionária de sua fábrica, que fora demitida após descobrirem que ela é mãe solteira. Tendo que conseguir dinheiro para sustentar sua filha, Fantine se vê obrigada a vender seus cabelos (no livro ela também vende até os dois dentes da frente) e se torna prostituta. A adaptação para o cinema, feita pelas mãos de Rafael Yglesias (“Água Negra”) tenta encontrar um equilíbrio aceitável ao perpassar a obra. “Os Miseráveis” é claramente dividido em dois polos. Em um, mostra o envolvimento entre Jean Valjean e a prostituta Fantine. No outro, mostra sua relação com Cosette, já crescida, mais ainda com a figura de Javert sempre em seu encalço. No decorrer da história, é perpassado os núcleos que tiveram iguais importância nos escritos de Victor Hugo, como o motim de 1832, as barricadas levantadas na rua Saint-Denis e o poético antagonismo entre Valjean e Javert. Dirigido de maneira acadêmica pelo dinamarquês Bille August, “Os Miseráveis” ilustra muito bem a grande tese de Victor Hugo, tão perspicaz para o contexto histórico de sua época. A grande sacada é a discussão sobre os direitos das pessoas que vivem à margem da sociedade. Até onde vão os seus direitos, visto que são subjugados por não terem bens materiais ou culturais. 

O CORCUNDA DE NOTRE DAME

O CORCUNDA DE NOTRE DAME

Sinopse: Victor Hugo foi o maior poeta romântico da França e um dos seus maiores prosadores. Produziu várias obras-primas, entre elas o romance medieval O Corcunda de Notre Dame (1831).A história é centrada na tragédia do corcunda Quasímodo e da cigana Esmeralda. É no interior da grande catedral gótica e nos labirintos das construções de Paris que se desenrola a terrível história de paixões impossíveis de seus personagens.Victor Hugo reuniu magistralmente em seu famoso romance religiosos e vagabundos, ciganos e nobres, padres e leigos — heróis e vilões. Com poderosa imaginação criadora, Hugo desperta em seu leitor as mais variadas emoções: do profano ao sagrado, do grotesco ao sublime.A história teve várias versões cinematográficas.
Esmeralda era uma bela cigana que dançava nas ruas e realizando truques com uma cabra. Sua imensa beleza transtorna o arquidiácono Frollo que ordena o sineiro, o disforme Quasímodo, rapte a cigana. O arcediácono era a única pessoa que Quasímodo conhecia e o amava a ponto de fazer tudo o que lhe fosse pedido, no entanto os planos de Frollo foram frustrados por causa do Capitão Febo, que surgiu com seus soldados prendendo o sineiro e salvando a cigana.
Quasímodo foi atado ajoelhado a uma roda e chicoteado. Com os olhos semiaberto ele viu o arquidiácono vir em sua direção e sorrir. Ele estava convicto de que o sacerdote o salvaria, mas ao invés disto Frollo desaparece em meio a multidão. Mais tarde ao clamar desesperadamente por água, as pessoas que o rodeavam riram e lançaram pedras contra ele. Porém Esmeralda surge com uma xícara de água comovendo-o profundamente.
Ao se reencontrar com o capitão Febo, a cigana demonstra a este todo o sentimento que vinha nutrindo em relação a ele desde o seu salvamento. Apesar de casado, o capitão marca o um encontro com Esmeralda em um local fechado e ao se aproximar para beijá-la é apunhalado por Frollo, que havia seguido-o. Acusada pelo assassinato, a cigana é levada para prisão sentenciada a pena de morte. 
Ao ser levada em praça pública para seu enforcamento, Quasímodo surge prontamente por uma corda levando-a para Catedral, onde estariam seguros pela lei de abrigo. Gringorie, um poeta com quem a cigana havia forjado um casamento, planeja salvá-la com a ajuda de vagabundos que simpatizavam-se por ela. Quando os vagabundos surgem para salvá-la acabam sendo atacados por Quasímodo, cujo o porte e a força descomunal  permitem-no que lute sozinho, até o instante em que os soldados do rei chegam amedrontando-os e fazendo-os desaparecer.
Em meio ao tumulto, Frollo aproveita para fugir com Esmeralda e tentar seduzi-la. Enfurecido com sua recusa, o arquidiácono a abandona e ao ser encontrada pelos soldados é encaminhada novamente para execução. Do alto da catedral Quasímodo e Frollo assistiram a execução e ao ver o sacerdote sorrindo, o sineiro se enfurece empurrando-o telhado abaixo e desaparecendo para sempre. Muito tempo depois enquanto os soldados procuravam por um corpo qualquer, no local onde Esmeralda havia sido sepultada, são encontrados dois esqueletos abraçados, um deles com uma deformidade eminente nas costas. O homem a quem esse esqueleto pertencia viera até ali e ali morrera abraçado a jovem. Na tentativa de desprende-lo do esqueleto a que se abraçava, desfizeram-se ambos em pó.

DOMINÓ LITERÁRIO

Aí está o meu Dominó Literário! Gostei da experiência, ficou bem bacana...

quarta-feira, 27 de maio de 2015

RESUMO: O FEITIÇO DE ÁQUILA


RESUMO: O FEITIÇO DE ÁQUILA

Há muito tempo atrás, precisamente no século XII, havia uma cidade chamada Áquila, governada por um corrupto bispo que nutria uma paixão doentia por uma bela mulher chamada Isabeau. Esta, no entanto, amavaa e era amada por  Etienne, o belo capitão da guarda especial do bispo. O invejoso e mal amado  sacerdote descobriu a verdade sobre o amor dos dois e fez uma barganha com o demônio, que deu ao seu novo “convertido” o poder de conjurar uma terrível maldição sobre os dois amantes.
Para sempre, dali por diante, Isabel seria um belo falcão durante o dia, retornando à sua forma humana à noite. O pobre Etienne, por sua vez, permaneceria humano durante o dia, se tornando todas as noites um esperto lobo. Apenas no exato momento do nascer do Sol os dois poderiam ter por instantes o vislumbre do que outrora foram. Exilado na tristeza, Etiene cavalga em seu garanhão negro Golias pelos campos da Europa com o falcão ao braço – e à noite, na forma de lobo, seguia sua bela amada humana.
O tema universal do amor impossível é o fio condutor dessa história filmada quase que totalmente no norte da Itália. O Feitiço de Áquila foi dirigido por Richard Donner ( “Super-Homem – o filme). Com um ótimo elenco, incluindo Rutger Hauer (Blade Runner) como Etienne, Michelle “eterna mulher Gato” Pfeiffer como Isabeau, John Wood como o obsessivo bispo e Phillipe Gaston, o jovem  e ágil ladrão conhecido como “rato”, amigo de Isabel, Matthew ” Vivendo a vida adoidado e projeto secretos macacos” Broderick. Que são extremamente capazes de segurar esse roteiro nas costas, mesmo com as falas no original, muitas vezes de uma poesia exagerada.
O jovem Broderick parece ter tido muita liberdade para trabalhar suas tiradas cômicas que tanto eram desejadas pelo público desde suas anteriores comédias de sucesso, pois seus diálogos não sugerem um comportamento medieval, mas sim contemporâneo. Seu trabalho aqui é o contraponto cômico de todo drama e sofrimento que os protagonistas sugerem. Já no fim da história, quando as coisas já estão muito difíceis para Phillipe, Isabeau e Etienne (que acabou de invadir a fortaleza de Áquila para matar o maléfico bispo), o senhor Broderick nos brinda com um dos momentos mais  inteligentes da história, ao falar diretamente com Deus (como faz durante todo o filme) de forma irônica, mas respeitosa:
O senhor Hauer, com seus olhos de um azul pálido e na época com um físico impressionante, é um perfeito cavaleiro andante e a senhorita Pfeiffer, que provavelmente é uma das mulheres mais lindas de todos os tempos, é certamente a pessoa certa para se enfrentar a danação eterna por ela. Sua presença, etérea e erótica, é tão marcante no filme que mesmo quando está sendo representada como o falcão ela parece estar ali na tela. O senhor Wood é odiosamente perfeito como o bispo maldito e o ator Leo Mckern, que faz o velho padre Imperiux, que com a sua língua grande foi o responsável pelo inferno que os amantes passaram a viver e por isso passa seus dias afogando a vergonha em álcool, é quem no fim se torna a chama de esperança que esses jovens amantes precisavam para finalmente serem felizes, pois descobre que um futuro eclipse poderá desfazer o feitiço.
O cavaleiro e a jovem dama funcionam no filme como uma metáfora para o sol e a lua, que assim como os dois pombinhos (ou  melhor, o falcão e o lobo) nunca se encontram. Desta forma, o sempre atraente tema do amor impossível toma formas ainda mais dramáticas, impossibilitando até mesmo o contato físico entre os dois amantes. Os animais em que ambos se transformam foram cuidadosamente escolhidos, afinal o falcão é um conhecido símbolo de beleza, enquanto o lobo é um animal normalmente solitário, além do fato de ambos serem monogâmicos.
A terrível maldição que assola o casal é repleta de simbolismo e é um prato cheio para provocar lágrimas nos casais apaixonados. O previsível final feliz neste caso é muito bem-vindo e agrada em cheio quem o assiste, que testemunha durante quase todo o tempo o sofrimento quase palpável de Navarre e Isabeau, aliviado apenas pela simpatia do divertido Gaston. O Feitiço de Áquila é simpático o suficiente para atrair a atenção do espectador e a linda história de amor que o embala é inegavelmente envolvente. Além do fato, meu caro devoto, que tem a Michelle Pfeiffer!

ROMEU E JULIETA



RESENHA DO FILME ROMEU E JULIETA
AUTOR: MARCOS TAVARES

Romeu e Julieta traz a clássica história de amor entre Romeu, filho de Montéquio, e Julieta, filha de Capuleto, principal rival dos Montéquio. Em um baile de máscaras na cidade de Verona ambos se apaixonam perdidamente sem ao menos saber quem são um ao outro. Em contrapartida às ordens de seus parentes, Romeu e Julieta resolvem viver este paixão explosiva e desesperançada., op que acaba po grar um conflito armado entre as duas famílias, que acaba em morte. No ápice do amor e do desespero, e com Romeu já expulso da cidade, ambos resolvem se casar às escondidas com a ajuda de Frei Lourenço. Porém, o que o casal não sabia era que tal decisão provocaria enormes percalços que levariam a suas próprias mortes.

Este livro é simplesmente LINDO. Confesso que esperava mais um romance água com açúcar, uma vez que esta é uma das histórias mais lidas, comentadas e debatidas de todos os tempos. Porém, mais uma vez, Shakespeare me surpreendeu com um enredo lindo, completo, cheio de narrativas, ação e um romance incrível.

Em algumas partes do livro a história se torna um pouco monótona e chata. Algumas falas são muito compridas, característica do autor, mas não atrapalham o entendimento da mensagem. Como eu disse acima, apesar da história ser bastante conhecida, ainda surpreende bastante o leitor em determinados trechos. O Romeu do livro perde bastante o status de príncipe encantado, que os filmes e peças insistem em colocar, assumindo um lado mais humano, autêntico e mordaz. Romeu é um assassino no livro, porém o mesmo comete um crime motivado pelo seu amor à Julieta. O final é uma das cenas mais lindas que eu já li na vida. Não cheguei a chorar, mas fiquei extremamente emocionado.

Recomendo Romeu e Julieta a todos os que, como eu, estão desacreditados no amor entre as pessoas. É mais um livro que, depois de lido, o mundo (e sobretudo as pessoas) será visto com outros olhos.

HAGIOGRAFIA DE SANTO ANTÔNIO DE PÁDUA

Hagiografia de Santo Antônio de Pádua

No dia 13 junho, a Igreja Católica celebra o dia de Santo Antônio de Pádua, um dos santos mais populares, venerado não somente em Pádua, onde foi construída uma basílica que acolhe os restos mortais dele, mas no mundo inteiro. São estimadas pelos fiéis as imagens e estátuas que o representam com o lírio, símbolo da sua pureza, ou com o Menino Jesus nos braços, que lembram uma aparição milagrosa mencionada por algumas fontes literárias.
Santo Antônio Nasceu em Lisboa, em uma família nobre, por volta de 1195, e foi batizado com o nome de Fernando. Começou a fazer parte dos cônegos que seguiam a regra monástica de Santo Agostinho, primeiramente no mosteiro de São Vicente, em Lisboa, e depois no da Santa Cruz, em Coimbra, renomado centro cultural de Portugal. Dedicou-se com interesse e solicitude ao estudo da Bíblia e dos Padres da Igreja, adquirindo aquela ciência teológica que o fez frutificar nas atividades de ensino e na pregação.
Em Coimbra, aconteceu um fato que mudou sua vida: em 1220, foram expostas as relíquias dos primeiros cinco missionários franciscanos que haviam se dirigido a Marrocos, onde encontraram o martírio. Esse acontecimento fez nascer no jovem Fernando o desejo de imitá-los e de avançar no caminho da perfeição cristã: então, pediu para deixar os cônegos agostinianos e converter-se em frade menor. A petição foi acolhida e, tomando o nome de Antônio, também ele partiu para Marrocos. Mas a Providência divina dispôs outra coisa.
Devido a uma doença, Santo Antônio se viu obrigado a voltar à Itália e, em 1221, encontrou São Francisco. Depois disso, viveu por algum tempo totalmente escondido em um convento perto de Forlì, no norte da Itália. Convidado, casualmente, a pregar por ocasião de uma ordenação sacerdotal, Antônio mostrou estar dotado de tal ciência e eloquência, que os superiores o destinaram à pregação. Começou, assim, na Itália e na França, uma atividade apostólica que levou muitas pessoas que haviam se separado da Igreja a retomarem sua participação e engajamento na vida eclesial.
Nomeado como superior provincial dos Frades Menores da Itália Setentrional, Antônio continuou com o ministério da pregação, alternando-o com as tarefas de governo. Concluído o mandato de provincial, retirou-se para perto de Pádua, local em que já havia estado outras vezes. Depois de apenas um ano, morreu nas portas da cidade, no dia 13 de junho de 1231. Pádua, que o havia acolhido com afeto e veneração em vida, prestou-lhe sempre honra e devoção.
Nos "Sermões", Santo Antônio discorre sobre a oração como uma relação de amor, que conduz o homem a conversar com o Senhor, criando uma alegria que envolve a alma em oração. Antônio nos recorda que a oração precisa de uma atmosfera de silêncio, que não coincide com o afastamento do barulho externo, mas é experiência interior, que procura evitar as distrações provocadas pelas preocupações da alma. Para Santo Antônio, a oração se compõe de quatro atitudes indispensáveis que, no latim, definem-se como: obsecratio, oratio, postulatio, gratiarum actio. Poderíamos traduzi-las assim: abrir com confiança o próprio coração a Deus, conversar afetuosamente com Ele, apresentar-lhe as próprias necessidades, louvá-lo e agradecer-lhe.
(Extraído e adaptado da Catequese do Papa Bento XVI no dia 10 de fevereiro de 2010)
Santo casamenteiro
Assim é invocado pelas pessoas que desejam se casar e lembrado pelo nosso folclore. Não se sabe qual a origem dessa devoção. Talvez esteja ligada a algum milagre feito pelo santo em favor das mulheres, por exemplo, quando fez um recém-nascido falar para defender a mãe acusada injustamente de infidelidade pelo pai.
Mas há outro episódio com explicação mais direta. Certa senhora, no desespero da miséria a que fora reduzida, decidiu valer-se da filha, prostituindo-a, para sair do atoleiro. Mas a jovem, bonita e decidida, não aceitou de forma alguma. Como a mãe não parava de insistir, a moça resolveu recorrer à ajuda de Santo Antônio. Rezava com grande confiança e muitas lágrimas diante da imagem quando, das mãos do Santo, caiu um bilhete que foi parar nas mãos da moça. Estava endereçado a um comerciante da cidade e dizia: "Senhor N..., queira obsequiar esta jovem que lhe entrega este bilhete com tantas moedas de prata quanto o peso do mesmo papel. Deus o guarde! Assinado: Antônio".
A jovem não duvidou e correu com o bilhete na mão à loja do comerciante. Este achou graça. Mas, vendo a atitude modesta e digna da moça, colocou o bilhete num dos pratos da balança e no outro deixou cair uma moedinha de prata. O bilhete pesava mais! Intrigado e sem entender o que se passava, o comerciante foi colocando mais uma moeda e outras mais, só conseguindo equilibrar os pratos da balança quando as moedas chegaram a somar 400 escudos. O episódio tornou-se logo conhecido e a moça começou a ser procurada por bons rapazes propondo-lhe casamento, o que não tardou a acontecer, e o casamento foi muito feliz. Daí por diante, as moças começaram a recorrer a Santo Antônio sempre que se tratava de casamento.
Santo das coisas perdidas
Esta tradição é antiquíssima, encontrando-se menção dela no famoso responsório "Si quaeris miracula", extraído do ofício rimado de Juliano de Espira. Popularmente, o "Siquaeris" é mencionado como uma oração para encontrar objetos perdidos. A crença pode estar ligada a episódios da vida de Santo Antônio como este: Quando ensinava teologia aos frades em Montpeilier, na França, um noviço fugiu da Ordem levando consigo o Saltério de Frei Antônio, com preciosas anotações pessoais que utilizava nas suas lições. Antônio rezou pedindo a Deus para dar jeito de reaver o livro e foi atendido deste modo: enquanto o fugitivo ia passando por uma ponte, foi subitamente tomado pelo pavor, parecendo-lhe ver o demônio na sua frente que o intimava: "Ou você devolve o Saltério ao Frei Antônio ou vou jogá-lo da ponte para o rio!" Assustado e arrependido, o jovem voltou ao convento com o saltério e confessou ao santo a culpa.
O "pão dos pobres"
Essa prática consiste em doações para prover de pão os pobres, honrando assim o "protetor dos pobres" que é Santo Antônio. Uma tradição liga essa obra ao episódio de uma mãe cujo filho se afogou dentro de um tanque, mas recuperou a vida graças a Santo Antônio. A mulher prometera que, se o filho recuperasse a vida, daria uma porção de trigo igual ao peso do menino. Por isso, no começo, esta obra foi conhecida como a obra do "pondus pueri" (peso do menino). Outra tradição relaciona a obra do pão dos pobres com uma senhora de Tbulon, chamada Luísa Bouffier. A porta do seu armazém tinha enguiçado de tal modo que não havia outro remédio senão arrombar a porta. Fez, então, uma promessa ao santo: se conseguisse abrir a porta sem arrombá-la, doaria aos pobres uma quantia de pães. E deu certo. Daí por diante, as petições ao santo foram se multiplicando em diferentes necessidades. Toda vez que alguém era atendido, oferecia certa quantia de dinheiro para o pão dos pobres. A pequena mercearia de Luísa Bouffier tornou-se uma espécie de oratório ou centro social. A benéfica obra do "pão dos pobres" teve extraordinário desenvolvimento, com diferentes modalidades, e hoje é conhecida em toda parte.
Trezena
É uma "novena" de 13 dias, lembrando a data da morte de Santo Antônio. Também se lembra o dia 13 de cada mês, porque "dia 13 não é dia de azar, é dia de Santo Antônio". Outros lembram Santo Antônio nas quartas-feiras, dia em que foi sepultado.
(Extraído e adaptado dos Cadernos Franciscanos, "Santo Antônio e a devoção Popular", de Frei Adelino Pilonetto, Ofmcap).

RESUMO DA OBRA AMOR DE SALVAÇÃO, DE CAMILO CASTELO BRANCO

Amor de Salvação

Amor de Salvação é uma novela passional, considerada pela crítica uma das obras mais bem acabada do autor. A história relata lembranças que são contadas ao narrador pelo protagonista, em uma noite de Natal, após um reencontro entre os dois que não se viam há quase doze anos. Afonso e Teodora foram prometidos um ao outro, por suas mães que eram amigas desde os tempos em que estudavam num convento. Após a morte da mãe, Teodora vai para um convento e tem como tutor seu tio, pai de Eleutério Romão. Teodora e Afonso estão sempre em contato aguardando o tempo certo para casarem.
Afonso resolve estudar fora por dois anos. Teodora influenciada pela amiga Libana quer casar-se o mais rápido possível. A mãe de Afonso, D. Eulália, pede-lhe para aguardar. Mas com a saída de Libana do convento Teodora se desespera e resolve casar-se com seu primo, Eleutério, para libertar-se das grades do convento. Eleutério era o oposto a beleza de Teodora, era rude e vestia-se de forma hilariante. Apesar da grande tentativa de seu tio, o padre Hilário, em ensinar-lhe a ler, nada conseguiu. Vencido pela incapacidade de seu sobrinho, Padre Hilário desistiu afirmando que somente através de uma fresta no cérebro, aberta a machado, seria possível tal façanha. Teodora viveu em pompas, trajes de sedas, cavalos, bailes, etc., mas nunca esquecera Afonso, enviava-lhe cartas de amor mas nunca obtivera resposta.
Afonso sofreu muito com a notícia do casamento de Teodora, pediu a mãe permissão para se ausentar de Portugal. Contava sempre com o apoio e o consolo das cartas de sua mãe e sua prima Mafalda, que o amava pacientemente. Após anos de amargura, sofrimento e luta contendo-se diante das cartas de Teodora, para não fugir aos ensinamentos religiosos aos quais sua mãe o educou, foi fulminado pela influencia do amigo José de Noronha que o incentivou a escrever à Teodora. Relutou mas não conseguiu. A tal carta foi cair nas mãos de Eleutério, leu mas nada entendeu. Pediu então a um amigo ajuda para interpretá-la. A carta acabou sendo rasgada por Fernão de Teive, dando a desculpa de serem grandes sandices, após junto com sua filha Mafalda, reconhecer as intenções do remetente, seu sobrinho Afonso de Teive. Não conformado Afonso parte ao encontro de Teodora. Eleutério quando os encontra juntos, pede-lhes explicações.
Teodora responde-lhe que é uma mulher livre a partir daquele momento, e vai viver com Afonso. Passam momentos, ilusoriamente, felizes. Afonso abandona até a sua própria mãe para viver ardentemente esta paixão que sempre o consumiu. Sua mãe sempre afetuosa, apesar da grande tristeza, sustenta a vida luxuosa que Afonso tem ao lado de Teodora . Afonso quando fica sabendo da morte de sua mãe, através de carta escrita por Mafalda, se desespera. Teodora tenta consolá-lo, mas ele sente em suas palavras ironia e sente nojo de tamanho fingimento. Procura isolar-se de Teodora e dos amigos. Durante este período, Tranqueira, velho criado da família, alerta-o sobre as intenções do amigo José de Noronha por Teodora. No início se revolta contra o criado, mas acaba escutando-o e passa a observá-los. Encontra umas cartas que confirmam as suspeitas. Certo dia os pega juntinhos com gestos de muita familiaridade. Aborrece-se pede para que Noronha saia de sua casa. Teodora dissimulada como sempre, tenta enganá-lo, mas ele atira-lhe as cartas.
Teodora desmaia enquanto Tranqueira derruba Noronha na cisterna para vingar seu patrão. Afonso passa alguns dias fora de casa, quando retorna encontra uma carta de Toedora informando os pertences que havia levado consigo. Apesar de traído sente saudade da encantadora Teodora. Vende tudo e parte para Paris atrás de um amor que o salve. Gasta tudo o que tem. Por fim, pede ao seu tio Fernão para comprar-lhe a casa onde viveram seus pais e avós, pois não queria ofender a memória de sua mãe que o havia pedido, em carta antes morrer que não a vendesse. Mafalda com seu coração generoso e cheio de amor pelo primo, pede a seu pai que o atenda, e este assim o faz mas, com a condição de que a casa continuaria sendo de Afonso. Afonso afunda-se cada vez mais em seus vícios e extravagâncias a ponto de querer suicidar-se.
Tranqueira, que nunca o abandonou, percebeu sua intenção e disse-lhe severas palavras que o livraram de tamanha loucura. Mudou de vida, passou a trabalhar e a estudar com apoio de seu criado. Fernão de Teive adoece, e prestes a morrer pede ao padre Joaquim que vá a Paris entregar a Afonso, os documentos de propriedade da casa a qual comprara, apenas com intuito de ajudar o sobrinho. Após a morte de Fernão, Mafalda sentindo-se sozinha, resolve viajar com o padre Joaquim para Paris com a objetivo de juntar-se as irmãs de caridade. Quando o padre Joaquim encontra Afonso e conta-lhe da morte do tio, este chora e corre ao encontro da prima que ficara em uma hospedaria.
Mafalda conta ao primo sua decisão, mas padre Joaquim pede-lhes, pelo amor de Deus, que ao invés disso, casem-se. Afonso aceitou de imediato e agradeceu à Deus por ter ouvido os pedidos de suas mães. Afonso e Mafalda voltaram para sua cidade, casaram-se, tiveram oito filhos e foram muito felizes. Apesar do título “Amor de Salvação” a novela relata em quase toda sua extensão, um “amor de perdição” entre Afonso de Teive e Teodora Palmira. Ao “amor de salvação”, Mafalda, são dedicadas somente as ultimas páginas do romance.

RESUMO DA OBRA AMOR DE PERDIÇÃO, DE CAMILO CASTELO BRANCO

RESUMO DA OBRA AMOR DE PERDIÇÃO

A história de Amor de Perdição circunda-se na cidade portuguesa chamada Viseu, mas o enredo não se centra absolutamente em tal cidade, pois a alternância de cidades se faz presente à medida que o enredo da ficção avança deliberadamente.
Domingos José Correia Botelho era um fidalgo não muito rico que teve a prerrogativa e sorte última de se casar com a ilustríssima e formosa Srª Rita Teresa Margarida Preciosa. Esta senhora era a Dama da rainha de Portugal (a rainha D. Maria, também conhecida no Brasil como Maria, a louca) vigente na época em que começou a narrativa de Castelo Branco, por volta aproximadamente de 1779, seguindo, pois, suas respectivas sucessões temporais.
É justamente perto desta data apontada acima que Domingos Correia era juiz de fora da cidade de Cascais, mas posteriormente conseguiu transferência para Vila Real, cidade onde nasceu. Seria bom e gratificante exercer o ofício na terra onde foi concebido à vida, não fosse as incessantes e inoportunas reclamações de Rita Teresa, ainda saudosa de seus luxos monárquicos da corte de Lisboa, luxos estes que toda Dama do Paço usufrui e, estando em sincronia com suas perfeitas sanidades mentais, jamais quer abdicar.
Apesar dos queixumes de Rita Teresa, o casal ainda conseguiu ter cinco filhos: Manuel, Simão, Maria, Ana e Rita. Manuel era o mais velho dentre os meninos, e Rita a mais nova dentre os rebentos femininos.
Foi-se feita mais uma transferência do casal, agora para a cidade de Viseu, mas desta vez acrescida a uma promoção: Domingos Botelho tornou-se corregedor desta cidade.
Ambos filhos de Botelho eram universitários em Coimbra: Manuel estudava Direito; já o encapetado Simão ? que espezinhava a vida do Reitor e das autoridades da Universidade com seu gênio moleque e arruaceiro ? cursava Humanidades.
Só existe uma coisa na vida que é capaz de transfigurar a compleição congênita de um rapaz rebelde como Simão o era: esta coisa (embora este substantivo seja tanto quanto pobre e deficiente suficientemente para demarcar graficamente toda a extensão significativa da palavra a seguir) é o AMOR. Este sentimento totalmente inefável, inesperado, indescritível à guisa de meras palavras de qualquer língua, teve a façanha de arrebatar o coração sanguinário, rebelde e revolucionário de Simão, pois o filho mais novo do corregedor se apaixonara fervorosamente por uma vizinha chamada Teresa, uma menina de quinze anos de idade.
Infelizmente, para desespero dos leitores romântico-piegas, a paixão entre os dois jamais pôde se materializar, pois tanto a família de Simão quanto a de Teresa se opunha rigorosamente contra o firmamento da união do casal. O motivo disso era de ter havido entre os pais do casal uma antiga rixa e divergência jurídica entre ambos, fazendo permear  assim entre as duas famílias uma rivalidade mais caprichosa que a de cão e gato.
Simão e Teresa se comunicavam e trocavam suas afeições sentimentais unica e exclusivamente através de cartas. E foi por causa de sua comunicação missivista ? tão eficiente que poder-se-ia dizer que fazia inveja aos modernos e-mails de hoje ? que Simão decidiu fugir de Coimbra, interrompendo assim seus estudos acadêmicos, para ir a Viseu se encontrar às espreitas com Teresa.
O pai viúvo de Teresa, Tadeu Albuquerque, tinha um sobrinho fidalgo oriundo da cidade de Castro Daire chamado Baltasar Coutinho. Tadeu Albuquerque por motivos ambiciosos queria a todo custo o casamento de Teresa com fidalgo, mas sua filha recusava-o convencidamente, chegando a declarar explicitamente, para a raiva e descontentamento de seu pai, seu amor por Simão.
Se o romance de Teresa e Simão ainda persistisse, mesmo sendo por cartas, Tadeu estava convencido de mandá-la a um convento Sabendo disso ? através de uma carta ?, Simão teve a resolução  de se hospedar na casa de um conhecido seu, o ferreiro João da Cruz, este que se mostrou a todo momento sempre prestativo e disposto a ajudar Simão em qualquer coisa, já que, há tempos atrás, o ferreiro conseguiu se livrar da cadeia graças à intervenção jurídica do pai de Simão.
O ferreiro tinha uma filha chamada Mariana, “moça de vinte e quatro anos, formas bonitas, um rosto belo e triste”. Ela demonstrou, desde o início, total disposição para ajudar Simão no que fosse preciso, passando, além de ajudar Simão, também a admirá-lo e amá-lo. Mariana tinha um semblante melancólico porque predizia tristezas que aconteceriam com Simão caso ele continuasse com seu amor por Teresa, amor este obstruído por egoísmo e orgulho dos pais do casal:
“ ─ Não sei o que me adivinha o coração a respeito de vossa senhoria. Alguma desgraça está para lhe suceder…” Disse certa vez Mariana ao fidalgo.
Baltasar Coutinho passa a atormentar a vida de Teresa, querendo a todo custo seu consentimento para o casamento arranjado. Através de ameaças e com o aval de Tadeu, Baltasar se transforma em um estorvo na consolidação do amor do sofredor casal.
Depois de algumas tentativas não bem-sucedidas de encontro com Teresa, certa vez Simão viu-se cara-a-cara com o fidalgo Baltasar Coutinho. Ambos discutiram, e Simão ? com o intuito nobre e extremamente passional de livrar o estorvo da vida de Teresa ? atirara contra o fidalgo de Castro Daire, matando-o instantaneamente. Como conseqüência óbvia e imediata, Simão fora preso em Viseu após o fato, e Teresa transferida para o convento de Monchique, na cidade do Porto.
O pai de Simão nada fazia para tentar tirar o filho da reclusão. Era bem possível que se quisesse fazê-lo conseguiria relativo êxito, pois detinha o ofício de corregedor, profissão essa de significativo status e influência persuasiva nos meios jurídicos da época. Mas, a despeito de tudo isso, Domingos Botelho sempre negava e limitava-se sempre a dizer isso:
“ ─ Eu não determino nada. Faça de conta que o preso Simão não tem aqui parente algum.”
Enquanto a Teresa, sua vida tornara-se terrivelmente obscura e lastimosa também. Seu único entretenimento dentro do convento eram as cartas que escrevia ao detento Simão. A única atividade da rapariga dentro do convento era chorar. Sua tia Constança, a única companhia que tinha no convento, lamentava-se ao ver diariamente sua sobrinha aos prantos por causa de um amor impossível de se materializar.
Graças à ternura e solidariedade de Mariana, Simão tinha com quem contar dentro da prisão. E também deve-se a Mariana o título de ser a intermediadora entre o romance missivista do casal.
Enfim, foi graças a um tio-avô de Simão que o pai deste pôde repensar sua atitude de não ajudar o filho a se livrar da prisão. O nome do tio-avô era a Antônio da Veiga, este que ameçou se matar caso o pai não “mexesse seus pauzinhos” para tirar o filho da forca. Infelizmente, tudo que o corregedor conseguiu foi a substituição do cárcere pela deportação de dez anos do filho para o exílio na Índia.
Mariana decidiu ir com o amado ao exílio. Para ela não restava mais nada na vida a não se o amor que sentia por Simão, já que o pai desta rapariga morrera assassinado por um almocreve. Quanto a Teresa, ao saber da resolução do exílio, enlouquecera. Não poderia imaginar Simão exilado por dez anos.
Enfim, a 17 de março de 1807, sai do cais de Ribeirinha o navio com os 75 degredados, entre eles Simão e Mariana. Teresa, vendo do convento o navio transportando os exilados, suicidara-se.
Simão, consentindo e consciente do destino nefasto que o aguardara, aceita complacentemente seu fado. Após o suicídio de Teresa, chega às mãos de Simão sua derradeira carta com o seguinte parágrafo inicial:
“ ─ É já o meu espírito que te fala, Simão. A tua amiga morreu. A tua pobre Teresa, à hora em que leres esta carta, se me Deus não engana, está em descanso”.
Simão, tempos depois de ler a carta, e já com bastante febre provocada pelo enjôo do mar, falecera no navio pedindo antes que Mariana jogasse todas as cartas que recebera de Teresa ao mar.
É claro que Mariana fez tudo isso conforme seu amado pediu. Só um detalhe: Mariana jogou no mar algo mais que as cartas. Jogou no mar si própria, tentando desesperadamente encontrar ali o corpo cadavélico de Simão que lá estava, arremessado pelos almirantes do navio às ondas do mar. Teresa morrera, pois, abraçada com o corpo do fidalgo em alto mar.
É com este final trágico que Camilo Castelo Branco rematou Amor de Perdição.
Autoria: Everton Roberto Teixeira Barboza