quarta-feira, 27 de maio de 2015

RESENHA CRÍTICA

Universidade Estadual de Montes Claros
Centro de Ciências Humanas
Departamento de Comunicação e Letras
Curso de Letras Português – 4º período / Vespertino
Disciplina: Literatura Portuguesa II
Professora: Dra. Maria Generosa Souto
Acadêmico: Welber Nobre dos Santos

Atividade: Resenha Crítica
Texto: Concepção do Amor e Idealização da Mulher no Romantismo
Considerações a propósito de uma obra de Michelet.
Autora: Emília Viotti da Costa

            Emília Viotti da Costa é uma historiadora e nasceu em São Paulo no ano de 1928. É graduada em História pela USP, fez especialização na França também em História e é doutora pela USP com tese de livre-docência.
            O texto em questão trata da dificuldade em fazer uma reconstituição histórica da forma de pensar e sentir de uma determinada época. Tendo como base a obra de Michelet, que trata justamente do amor e da idealização da mulher, ela leva o leitor a refletir sobre como as concepções mudam com o passar do tempo.
Em um primeiro momento, a autora, Emília Viotti da Costa, tece algumas considerações sobre a dificuldade em retratar os sentimentos e pensamentos de uma determinada época, diz que o historiador corre o risco que generalizar certas ideologias na tentativa de fazer uma reconstituição histórica.
            A autora defende que ao caracterizar o pensamento e sentimentos e um determinado grupo social em uma determinada época não irão faltar documentos históricos que ajudem nessa elaboração, mas o historiador deve ter cuidado na interpretação das palavras, pois a forma não mudou, mas o sentido já não é o mesmo, pois o tempo passou.
            O texto também aborda que, em um trabalho de reconstituição histórica, o historiador não consegue captar a realidade em tudo que ela apresenta, e isso leva à generalização de sentimentos e idéias não levando em conta aquilo que é particular de um determinado grupo social. A autora discorre que, todo o material escrito analisado pelo historiador nem sempre representa o verdadeiro estado de espírito da coletividade, e há obras que soam mais como protesto social do que espelho da realidade vivenciada.
            Emília Viotti ainda destaca que, na reconstituição histórica, nem sempre as obras mais famosas são as que vão melhor representar o pensamento vigente, muitas vezes as de menor valor literário, por estarem mais próximas ao povo melhor representam a realidade social. Outro aspecto ressaltado pela autora é a utilização de textos traduzidos pelos estudiosos, pois na maioria das vezes eles não têm acesso à obra original, isso também deturpa a realidade. As traduções trazem termos atuais que possuem sentidos diferentes dos primitivos na obra original, isso leva aos erros de interpretação.
            De acordo com a autora, outro ponto que interfere na elaboração da reconstituição histórica é a posição filosófica que o historiador assume em seu trabalho de investigação. A autora cita quatro perguntas que ela acredita serem norteadoras na pesquisa do historiador e defende que elas condicionam o resultado do processo investigativo, assim evidencia-se também que o trabalho de reconstituição também passa pelo viés do historiador, subjetividade.
            Assim, Emília Viotti diz que, ao analisar sentimentos e idéias do passado, há uma possibilidade de o historiador também se retratar e colocar em evidência características pessoais dele além do tempo que está estudando.
            Entrando no tema central do texto, que é a concepção do amor e da idealização da mulher no Romantismo, a autora acentua que todas as considerações feitas acerca do trabalho de reconstituição histórica tornam-se compreensíveis.
            Dando prosseguimento ao texto, a autora expõe que, por meio das diversas obras literárias podemos perceber como a maneira de amar e a concepção do amor vai sendo mudada ao longo do tempo. A autora cita o amor na época da cavalaria, no século XVII, que caracteriza bem essa riqueza de diferentes manifestações amorosas.
            Ao introduzir a temática central do texto, a autora levanta uma série de questionamentos que nos levam a refletir sobre até que ponto as obras literárias produzidas durante o período do Romantismo realmente representam a realidade da época. Considero muito interessante o posicionamento da autora quando ela expõe a possível diferença existente entre o ato de sentir e definir o amor, a ideia que se tem de um sentimento e aquilo que realmente se sente, por isso, até hoje encontramos muitas dificuldade quando vamos definir o que é um determinado sentimento, pois, como o próprio nome diz, é algo que se sente, não tem como explicar.
            Outra indagação de Emília que considero muito pertinente é quando ela sugere que muitas vezes o retrato do amor e o jeito que a mulher é caracterizada pelos autores românticos podem estar atrelados somente a alguns grupos, não representando assim uma totalidade social, podemos associar isso à questão da generalização que foi citada no início do texto.
            Todas as considerações feitas pela autora partiram de uma análise feita da obra de Michelet: L’Amour, publicado em 1858. De acordo com o texto, a obra em questão apresenta uma visão do amor e da mulher perfeitamente enquadrada nos moldes do Romantismo e só pode ser compreendida se as características de tal estilo forem levadas em consideração.
            Ao abordar a obra de Michelet, a autora comenta sobre a literatura pré-romântica e cita várias de suas características, como o prazer de se sentir bom, caridoso e meigo, a preferência pelas atitudes suaves. Em contrapartida, na literatura do século XVIII também se manifesta o gosto pela crítica social e moral, voltando-se principalmente contra os preconceitos aristocráticos, diz a autora. Havia uma crítica àqueles casamentos sem amor, que aconteciam somente por uma questão financeira ou social. Todos os aspectos que se evidenciaram na produção literária do século XVIII continuariam no século XIX com a literatura romântica.
            A autora diz que as transformações político-sociais que atingiram o mundo ocidental não acabaram com as características literárias vigentes, pelo contrário, reafirmou-os mais ainda. Falou sobre as novas condições de vida para os homens de letras, a ascensão social que ocorreu nessa classe e como o desenvolvimento da imprensa ajudou na expansão das obras literárias e a propagação das ideias românticas.
            Dando continuidade, Emília faz uma comparação entre o classicismo, onde predomina a razão, e o romantismo, que defende a sensibilidade e a imaginação. A autora cita Coleridge, 1801, que nos faz entender que, a sensibilidade é guia mais seguro do que a razão.
            A autora dedica uma parte do texto para falar sobre as características das obras do Romantismo, cita o casamento e o amor com algo divino e sagrado, que não pode existir a união de um homem com uma mulher se não existir amor. Cita Shelley, que defende que é contra a natureza uma mulher que é fiel ao seu marido se não há amor no casamento.
            Levando em consideração à temática da idealização da mulher, traço marcante do Romantismo, a autora destaca dois tipos de mulheres: a mulher anjo e a mulher demônio. A primeira é purificadora do coração do amante, aproxima-o de Deus, representa o amor salvador, aquele que revela as dimensões do bem. Em contrapartida, a mulher demônio é a figura do demônio, aquela que seduz e que leva o homem somente aos prazeres carnais, enfeitiça, seduz e possui um encanto mágico, é um amor de perdição, uma espécie de maldição e tormento espiritual e psicológico.
            Falando um pouco sobre a obra de Michelet, L’ Amour, a autora diz que a obra resume muitos dos aspectos da concepção do amor e da idealização da mulher típicos do Romantismo. Emília defende que Michelet explicita seus objetivos moralizantes em sua obra, ele a escreve também com o objetivo de denunciar e ajudar a modificar a realidade na qual está vivenciando. Na obra, Michelet apresenta a mulher como frágil e indefesa, atributos que não combinam muito bem com a época em questão, pois o quadro social era de afirmações feministas, de desejos de emancipação política e social da mulher, lutava-se contra qualquer tipo de preconceito. A mulher já ia contra a ideologia social, fumava e bebia.
            Concluo que, a autora Emília Viotti da Costa apresentou muito bem a temática pretendida por ela, a concepção do amor e idealização da mulher no Romantismo. Usando a obra de Michelet, foi muito pertinente os comentários da autora a cerca do mesmo, tendo em vista que a obra em questão coaduna com os propósitos do texto. A autora utilizou de uma linguagem clara e objetiva, o que faz com que o leitor tenha uma clareza maior a cerca do assunto.
           
            Fim!

           
           
           
           
           
           

           
           

           
           





Nenhum comentário:

Postar um comentário